quarta-feira, 31 de agosto de 2011

TERROR - PARTE 13

NOSFERATU (1922)+

FITZCARRALDO=

NOSFERATU (1979)COMENTÁRIO:
Interessante a idéia de revisitar a lenda de Drácula a partir de Nosferatu, clássico do expressionismo alemão que mudou os nomes de todos os personagens do livro de Bram Stocker devido aos problemas com os direitor autorais.
Na trama, o Conde Drácula (Klaus Kinski, de Fizcarraldo) compra uma mansão na cidade de Wismar e para lá muda-se, em busca de conquistar a jovem Lucy (Isabelle Adjani, de A Rainha Margot), esposa do corretor Jonathan Harker(Bruno Gans, o Hitler de A Queda).
Se você conhece a história, percebe que muita coisa foi modificada. Aliá, este é, pra mim, um grande problema dessa adaptação.
Sem se decidir entre ser um remake, uma homenagem ou uma nova adaptação do livro, o diretor Werner Herzog (Fizacarraldo) usa elementos do romance de Bram Stocker, cita deliberadamente o filme de Murneau (usando os mesmos enquadramentos, inclusive) e muda completamente o caráter dos personagens sem motivo aparente.
O Conde Orlock de Nosferatu aqui vira Conde Drácula, Mina torna-se Lucy, que vira a heroína da história (como disse um amigo eu, a força do feminino em voga nos anos 70 pode ter influenciado esta abordagem, mas isso é uma suposição), Van Helsing é um cético que não acredita em vampiros (?) e Jonathan vira uma espécie de zumbi.
Os atores estão ótimos. Kinski emula o Nosferatu de Max Schrek de maneira impressionante, aprofundando o personagem em sua patética busca pelo amor e pela morte. Adjani e Gans atuam de maneira expressionista, gerando um interessante estranhamento. Afinal, praticamente todo o filme foi feito em belíssimas locações, criando uma atmosfera “realista” que poucos filmes de vampiro tem.
O que causa, para mim, o principal problema da produção. A interpretação de Kinski é tão conectada à Schrek que seu Drácula torna-se demasiado “distanciado" de toda a estética do filme. No cinema expressionista, fica aterrador. Aqui, fica esvaziado de força.
Visualmente, um deslumbre. As cenas da invasão de ratos, espalhando a peste, são de um impressionante e belo grotesco. Poeticamente nojento.
A sexualidade dos personagens também foi acentuada, desenvolvendo momentos apenas sugeridos no clássico dos anos 20.
Ao final, temos um bizarro epílogo que não acrescenta nada além de uma sensação de “O que?”.
Vale pela experiência de descobrir o que um cineasta como Herzog lida com o mundo dos vampiros.

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