quinta-feira, 1 de setembro de 2011

COMÉDIA - PARTE 29

DE VOLTA PARA O FUTURO 2+

CARRIE - A ESTRANHA=

O HOMEM DO FUTUROCOMENTÁRIOS

Por Malcon Bauer:

É louvável que o cinema esteja brasileiro esteja desenvolvendo mais “filmes de gênero”. Podemos questionar o resultado de obras como Assalto ao Banco Central, mas é o tipo de produto necessário para que exista a indústria. E, na minha opinião, um dos melhores cineastas deste tipo de produção é Cláudio Torres. A subestimada comédia de humor negríssimo Redentor e a comédia romântica A Mulher Invisível mostram que ele está disposto a investir no popular sem abandonar um verniz “fantástico”, saindo do arroz-com-feijão de sempre. O Homem do Futuro é sua nova empreitada.
No filme, Zero (Wagner Moura, de Tropa de Elite) é um cientista "loser" que, ao tentar desenvolver uma nova forma da energia, cria uma máquina do tempo. Ao encontrar com ele mesmo 20 anos mais jovem, ele tentará evitar uma tragédia que marcou sua vida para sempre, envolvendo sua amada Helena (Alinne Moraes, de Fica Comigo Esta Noite). Porém, essa mudança causará muitas confusões no futuro alternativo que estas alterações causam.
O começo do filme é brilhante. Ágil e divertido, o roteiro não perde tempo em mandar Zero para o passado e explorar o choque cultural 2011-1991 (rendendo algumas ótimas piadas). Quando conhecemos a realidade alternativa, o tom fica mais sombrio (lembrando De Volta Para o Futuro 2), proporcionando bons momentos dramáticos para Alinne Moraes.
Porém, no terço final, Cláudio Torres perde um pouco a mão (bem menos do que no insuportável terceiro ato de A Mulher Invisível, claro). Não me entendam mal. O quiprocó envolvendo três diferentes versões de Zero numa mesma época é bagunçado e divertido como se espera deste tipo de situação. O problema é que a sub-trama do “personagem-que-viaja-da-realidade-alternativa-para-mudar-o-passado-a-seu-favor” toma muito tempo e não agrega nada importante à narrativa. Os conflitos de Zero com seus outros “eus” já eram suficientes para render um bom clímax, sem a necessidade de “alguém ter uma arma”.
Tirando isso, o saldo é bem positivo. Moura está perfeito no papel, criando três versões distintas de um mesmo personagem de maneira clara, achando espaço até para homenagear o Doc. Brown de Cristopher Lloyd. Moraes, como já dito, tem bons momentos dramáticos e está absurdamente linda. Dos coadjuvantes, apenas Maria Luisa Mendonça (Caradiru) poderia ter segurado um pouco o módulo de interpretação “comédia maluca”, soando quase sempre forçada.
O filme garante uma boa diversão descompromissada. Afinal, não é sempre que você pode ouvir Alinne Moraes dizer: “Li o seu tratado sobre física quântica”.
Ficção-científica é isso!

Por Vicente Concílio:
As expectativas eram altas. Afinal, tratava-se do "melhor filme brasileiro do ano até agora". E talvez seja mesmo. Mas isso não quer dizer nada. Como toda obra da Conspiração Filmes, estamos diante de uma obra marcada por certo primor técnico que ora empolga, ora frustra.
Ora parece alçar vôos, ora empaca. Foi assim com imensa lista de filmes dessa produtora: Redentor, Homem do Ano, Casa de Areia, Eu Tu Eles, e a lista segue. Todas obras bem produzidas, mas que resultam em filmes pífios, que se destacam por algum aspecto (fotografia, direção de arte, algumas sacadas de roteiro), mas nunca pela totalidade do conjunto.
Nesse O Homem do Futuro, Wagner Moura interpreta um gênio da física capaz de criar um acelerador de partículas que o possibilita viajar no tempo (!!!!). Claro que fazemos enormes concessões à capacidade científica brasileira de produzir máquinas desse porte; mas tudo bem: a fotografia é ótima. Além disso, trata-se de um filme romântico, e não importa quão inteligente eles querem que seu personagem seja na vida profissional, ele acaba sendo uma anta quando o assunto é amor; mas tudo bem, a seleção da trilha sonora é muito boa.
Por fim, as idas e vindas temporais promovem as confusões que já vimos em TODOS os filmes sobre a interferência de alguém do futuro que tenta mudar ao passado, ou seja: a pessoa visita o passado uma vez - muda o passado - volta a seu tempo - seu tempo agora está pior - então, ela volta novamente - confusões se avolumam - ela volta ao seu tempo e tudo era melhor quando nada havia se alterado, afinal, quem o homem pensa que é pra alterar seu destino!! Uma ode ao conformismo.
Mas vá lá, ninguém é louco de querer que esse filme, com toda essa aura Globo Filmes, seja uma obra-prima da revolução cinematográfica brasileira, essa tão sonhada possibilidade que a gente aguarda e talvez não chegue a presenciar. Então nos resta elogiar os primores da produção e agradecer o surgimento da indústria cinematográfica nacional. Que não se dá nem ao trabalho de produzir seus ídolos: ela já os extrai prontos da tevê. E lá vamos nós assistir Alinne Moraes reprisando seu papel em O Astro, em uma versão piorada: na tevê, eles querem que a gente acredite que ela é uma taxista; no filme, eles querem que acreditemos que ela seja uma estudante de física que se transforma em supermodelo internacional. Acreditar nisso é mais difícil que comprar a idéia de que um cientista brasileiro fez a máquina do tempo.
Mas enfim, o que vale o ingresso é o trabalho de Wagner Moura. Eu aturaria rever o filme só para apreciar o trabalho cuidadoso de sua interpretação em cada uma das fases e saltos temporais do filme. Ele consegue dar densidade a toda aquela pressa arrastada do roteiro, a toda tentativa superficial de criar uma história "bacana" e agradável e merece, sim, ser visto por cada uma das pessoas que vão fazer o sucesso de público que esse filme vai conquistar.
Pena que O Homem do Futuro seja um filme do passado.

3 comentários:

  1. não vi o filme, mas aposto no vicente. aliás, rola creep no filme mesmo?

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  2. rola uma versão esquisita, que funciona bem no filme.

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