sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SUSPENSE - PARTE 11

O BOM PASTOR+

O SÉTIMO SELO=

O ESPIÃO QUE SABIA DEMAISCOMENTÁRIOS


Por Malcon Bauer: O momento que me fez ficar entusiasmado para assistir O Espião Que Sabia Demais foi quando soube que o diretor era o sueco Tomas Alfredson. Afinal, ele é o homem por trás do GENIAL (assim grande mesmo) Deixa Ela Entrar, um filmaço de vampiros.
Na trama desta nova obra (baseada num livro de John Le Carré, de O Jardineiro Fiel) passada no início dos anos 70, um espião afastado do trabalho (Gary Oldman, de Drácula de Bram Stocker, numa minuciosa interpretação) é convocado para uma nova missão: descobrir se existe um traidor infiltrado no Serviço de Inteligência Britânica do Reino Unido.
A direção de arte é soberba, recriando o início da década de 70 com impressionante realismo. A trilha, instigante. O elenco traz ainda Colin Firth (O Discurso do Rei), Tom Hardy (O Bane do vindouro novo filme do Batman), John Hurt (de Alien) e um sem-número de ótimos atores ingleses.
O primeiro percalço surge no roteiro. Fiquei na dúvida se o problema sou eu, ou se o roteiro é realmente muito difícil e confuso. É uma imensidão de nomes que dá um nó imenso na cabeça.
E ao me perder na história, obviamente meu interesse diminuiu. Isso lá pelo segundo terço da projeção. O interesse voltou com tudo no ato final, quando a resolução das tramas se aproxima.
Talvez o problema esteja no ritmo que o diretor imprime na película. O filme é quase monocórdico, o que também colabora para um certo “anestesiamento”.
O parágrafo abaixo contém SPOILERS. Se não quiser lê-lo, pule para o parágrafo seguinte.

A revelação do traidor torna-se muito óbvia quando vemos que entre os suspeitos temos três atores “desconhecidos” e o recém-oscarizado Colin Firth. Ele aparece tão pouco durante o filme que eu pensava: “Deve ser ele. Não chamariam um cara como ele pra aparecer tão pouco de graça”. E era mesmo... Achei uma decisão equivocada.

O Espião Que Sabia Demais é um filme que quer (e parece ser) muito sério. Mas acaba sendo desinteressante. Você pode dar uma chance, e depois, escreva aqui nos comentários se a trama é realmente TÃO difícil de acompanhar, ou se eu estava num dia ruim para raciocinar.

Por Vicente Concílio: Mencione um filme de espionagem em terras inglesas e surgem, imediatamente, três números na nossa cabeça: 007. Pois saibam que não há referência menos apropriada para iniciar um comentário a esse O Espião Que Sabia Demais.
Enquanto nos filmes de Bond acompanhamos um sem fim de tiros e bombas e viagens aos lugares mais exóticos do planeta, agora estamos diante de uma obra cerebral, que inspira contemplação e análise cuidadosa de personagens e fatos. Isso gera, ao mesmo tempo, o que o filme tem de melhor e, paradoxalmente, aquilo que faz dele um filme tedioso em muitos momentos.
A trama se passa nos anos 70, no auge da Guerra Fria, quando um recém aposentado agente da inteligência britânica é convocado para descobrir quais de seus antigos parceiros é, na verdade, um agente duplo. Essa tarefa vai exigir uma investigação cuidadosa, uma revisão das condutas de seus parceiros e vai acabar revelando fatos nem tão amistosos sobre sua própria vida.
Esse processo é mostrado, ao longo do filme, respeitando a lógica da espionagem e o cuidadoso tempo de Smiley, seu protagonista.
Isso resulta em uma narrativa lenta, que compõe um thriller que impressiona pela sua fotografia belíssima, que explora sombras e ângulos indiretos, compondo um clima de vigília bastante apropriado ao enredo, e pela trilha incidental de inspiração sofisticada e jazzística.
Mas o grande trunfo aqui reside no trabalho de Gary Oldman. Completamente distinto das viscerais interpretações que ele costuma oferecer, o que ele exibe aqui é um minucioso trabalho de contenção, demonstrando perfeito domínio sobre sua composição facial e corporal. Longe de ser um trabalho virtuosístico, o que Oldman traduz, gestualmente, é uma vida dedicada à anulação de si e ao cuidado em não deixar vestígios. Ou seja, ele nos dá a trágica dimensão de seu ofício, de quem oferece sua trajetória a salvar o mundo e esquecer de si mesmo.
Observar o trabalho de Oldman compensa qualquer problema que o filme tenha. É daqueles filmes que não insultam nossa inteligência e deixam saudade de um bom filme adulto.

Um comentário:

  1. é. deu pra matar as saudades de um bom filme adulto. e o filme é, sim, extremamente truncado, não somente na infinidade de nomes mas também nos flashbacks, nos diversos tempos da história. eu gostei muito. e entendi pouco.

    Rica.

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