terça-feira, 6 de março de 2012

AÇÃO - PARTE 12

BULLIT
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COLATERAL
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DRIVE
COMENTÁRIOS

Por Malcon Bauer: Provavelmente o maior injustiçado do Oscar 2012, Drive conta a história de um dublê de filmes da ação (Ryan Gosling, de Amor à Toda Prova) que, durante a noite, trabalha como motorista de fuga para quem contratá-lo. Quando ele se envolve com uma vizinha (Carey Mulligan, de Educação) e resolve ajudar o marido dela a saldar uma dívida com criminosos, tudo desanda e vira um banho de sangue.
A sequência de abertura do filme é um primor. Poucos diálogos, uma fotografia fantástica (lembrando os filmes de Michael Mann, como Colateral) e uma edição perfeita dão o tom das capacidades do personagem principal (que não tem nome, como é comum neste tipo de "anti-herói solitário").
A medida que a história avança, Gosling nos conquista com seu jeito simpático, calado e misterioso. Características essenciais para que se compreenda suas atitudes e que explodem em fúria na segunda metade do filme, quando a violência atinge graus inesperados e sanguinolentos.
Todo o elenco está ótimo. Bryan Cranston (da série Breaking Bad) esbanja um carisma picareta. Albert Brooks (Um Visto para o Céu) está assustador como o vilão do filme, alternando simpatia e fúria de maneira impressionante. Ele é outro injustamente ignorado no Oscar 2012. Ron Perlman (Hellboy em pessoa, e um dos meus atores preferidos) também brilha.
Porém, Gosling é a alma da produção. Seus olhares e silêncios enchem a tela como poucos conseguem fazer, seja nas cenas de extrema violência, ou nos momentos de ternura entre ele e o filho da personagem de Mulligan. Um show e tanto que foi, também, esquecido pela academia. Um pecado enorme se pensarmos que, em 2011, ele também entregou performances fantásticas em Amor à Toda Prova e Tudo Pelo Poder.
Um filme de ação cheio de classe e estilo, Drive tem um ritmo incomum para produções do gênero (ganhou o prêmio de direção em Cannes para Nicolas Winding Refn ) e vai surpreendê-lo.
E se você ficou impaciente com a demora de sua estreia no Brasil e baixou o filme, vá revê-lo no cinema. Filmes como esse merecem a tela grande.

Por Vicente Concílio: Drive tem tudo aquilo que é necessário para ser ignorado no Oscar: um protagonista construído como um anti-herói de poucas palavras, diálogos curtos e momentos imensos de silêncio e solidão; ação lenta e contemplativa em um universo sanguinolento que exibe de forma explícita violência e sangue. É um filme adulto cujo roteiro manipula muitos clichês de filmes de ação com maestria e a direção é tão precisa e preciosa que é evidente a sensação de estarmos diante de um clássico.
O elenco é magistral. Ryan Gosling está assustador e, ao mesmo tempo, frágil. É impossível desgrudar os olhos de sua presença na tela, e olha que ele contracena com mestres como Bryan Cranston, Ron Perlman e Albert Brooks, todos entregando trabalhos de interpretação de altíssima voltagem.
A trilha sonora é um caso à parte: ela dá densidade aos momentos mais tensos e cria atmosferas insólitas, perfeitamente integradas a um ótimo trabalho de montagem. Cenas essenciais à trama são entregues ao espectador assim: cores, sons e movimentos de câmera criam momentos de composição cheios de beleza e sentido, difíceis de escapar da mente mesmo após a saída da sala escura. Isso é impressionante tanto nas cenas muito violentas (a sequência do night club e o assassinato no elevador se destacam) quanto nas cenas românticas (como no primeiro encontro dos personagens de Ryan e Carey Mullingan no elevador, delicado demais).
É um filmaço. Aposto todas as minhas fichas na próxima parceria de Gosling e o diretor Nicolas Winding Refn, que vai se chamar Only God Forgives.

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