domingo, 3 de março de 2013

COMÉDIA - PARTE 59

UMA RAJADA DE BALAS
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UMA LIÇÃO DE AMOR
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COLEGAS
CRÍTICA: Diversos atores já receberam muitos prêmios interpretando personagens com necessidades especiais. Dustin Hoffman fez Rain Man, Sean Penn fez Uma Lição de Amor (e Ben Stiller parodiou brilhantemente esse tipo de trabalho em Trovão Tropical). Raramente, porém, vemos atores que realmente possuem essa condição nas telonas. E Colegas chega para dar-lhes o status de protagonistas.
Na trama, os jovens portadores de Síndrome de Down Stallone (Ariel Goldenberg), Aninha (Rita Pokk) e Márcio (Breno Viola) fogem com um carro da instituição onde vivem e saem numa jornada inspirada em Thelma & Louise: cometendo assaltos, divertindo-se e buscando realizar o sonho de cada um deles. A perseguição policial e midiática logo se instaura, e o três se tornam procurados em todos o país.
Um dos diferenciais do filme é que, obcecado por cinema, Stallone realiza todos os crimes utilizando frases famosas de filmes como Pulp Fiction. E essa é uma das inúmeras referências cinematográficas que abundam durante a projeção.
O diretor Marcelo Galvão (que teve um tio com Síndrome de Down) conta sua história em ritmo de road-movie e com tons de fábula.
A bela fotografia dá o tom necessário para a parte "mágica" da narrativa, enquanto os enquadramentos abertos e que centralizam os personagens lembram os filmes do diretor Wes Anderson (Moonrise Kingdom, Os Excêntricos Tenenbaums).
O trio de protagonistas é extremamente carismático e talentoso, emocionando e divertindo em diversos momentos da película.
O grande problema do filme é o roteiro, que fica "empurrando" piadas para cima do espectador. A dupla de policiais que persegue os jovens fugitivos é chata, histriônica e sem graça. Eles ainda possuem uma sub-trama envolvendo a implicância com um outro policial que não acrescenta nada a história. Sem contar o momento absolutamente vexatório que tenta parodiar Psicose. Um completo equívoco.
As intervenções da mídia, apesar de exageradas, ainda divertem pelo tom "jornalismo sensacionalista" que imprime em suas aparições.
Mas nada salva a narração do filme, feita pelo personagem de Lima Duarte. Desnecessária, intrusiva, monocórdica e redundante, ela parece tratar o espectador  como um idiota na maioria das vezes. Exemplo: quando um personagem tem um óbvio flashback, a narração diz que "Naquele Momento, Fulano lembrou-se de tudo que havia acontecido até então".
É uma pena que o diretor tenha achado necessárias tantas coisas (sub-tramas, narrações, piadas fora do lugar) para complementar a simples e bela historia de seus protagonistas. Enfrentando suas próprias limitações (e o preconceito do mundo exterior, que aparece em vários momentos), Stallone, Aninha e Márcio nos conquistam rapidamente e emocionam de maneira genuína quando estão sozinhos na tela. Pena que o filme esteja tão cheio de distrações.

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