terça-feira, 4 de outubro de 2011

COMÉDIA - PARTE 36

HARRY E SALLY - FEITOS UM PARA O OUTRO+

A GAIOLA DAS LOUCAS+

MENINOS NÃO CHORAM+

UM SALÃO DO BARULHO=

ELVIS & MADONACOMENTÁRIOS


Por Malcon Bauer:

Como trazer um pouco de originalidade para um gênero tão desgastado como a comédia romântica? Uma das maneiras é brincar com a identidade sexual de seus protagonistas.
E é esse o ponto de partida de Elvis & Madona, de Marcello Lafitte.
Na trama, Madona (Igor Cotrim) é um travesti que trabalha como cabelereira durante o dia e sonha em estrelar um show de Drag Queen. Quando conhece Elvis (Simone Spoladore), que trabalha como entregadora de pizza e sonha em ser fotógrafa, a paixão é imediata.
Ou seja: um travesti e uma lésbica que se apaixonam e passam por diversas situações da cartilha básica de qualquer comédia romântica. É a questão do gênero que apresenta novas possibilidades para estes acontecimentos.
Sabemos que o casal enfrentará obstáculos (incluindo um vilão muito, mas muito malvado, interpretado por Sérgio Bezerra) e sofrerá revezes, mas também sabemos que o amor triunfará.
O casal de protagonistas consegue criar a empatia necessária para que torçamos por sua união, mesmo que Cotrim soe um pouco forçado em alguns momentos. Já Spoladore apresenta uma acertada construção da lésbica Elvis. Juntos, a química é notável , e eles se tornam a alma do filme.
Como toda comédia romântica, os coadjuvantes engraçados são imprescindíveis. Neste quesito, nada supera a turma do salão onde Madona trabalha. Os funcionários da pizzaria onde Elvis faz bico não ficam atrás. O diretor de filmes pornô Seguinte (Renato Turnes, do vindouro Amores Raros) merecia mais tempo em cena. Um excelente elenco de apoio que humaniza as personagens mesmo em seus momentos mais caricatos.
Aliás, sinto que existe, em alguns momentos, um excesso na criação de momentos que permitam a inserção de piadas envolvendo o vocabulário do mundo gay. Soa forçado nestas ocasiões.Mas são poucos momentos que não chegam a atrapalhar.
É preciso também citar a excelente cena do almoço na casa da mãe de Elvis, interpretada por Maitê Porença. Ela dá show numa sequência hilariante repleta de ritmo e boas piadas.
A trilha sonora também é agradável, repleta de canções engraçadas e espirituosas.
Ao final, o saldo é muito positivo. Elvis & Madona não é um filme gay. É uma historia de amor onde a questão do gênero transcende os estereótipos para voltar ao básico: duas pessoas que se encontram e se amam.

Por Vicente Concílio:

Elvis & Madona é uma filme imperfeito, mas delicioso. Ousado na temática, mas tradicional na sua execução, trata-se de uma comédia com doses dramáticas que narra o encontro e o relacionamento amoroso entre uma lésbica, o Elvis (interpretada por Simone Spoladore) e um travesti, a Madona, interpretado por Igor Cotrim. Na verdade, analisar o trabalho interpretativo dos protagonistas oferece uma oportunidade para analisar o que há de ótimo e o que há de problemático no filme.
Enquanto Spoladore interpreta Elvis com delicadeza e sinceridade impressionantes, a Madona criada por Igor Cotrim dificilmente nos convence como um transformista escolado na arte da bateção de cabelo. Ao longo do filme, vamos aos poucos aceitando a figura excessivamente masculina dele. Aliás, imagino que seria mais fácil aceitar o amor de Elvis por Madona se a figura dela fosse mais feminina.
Justamente por termos que "aceitar" o protagonista, o filme leva um tempo pra nos conquistar. Mas ele nos conquista, seja pelos vários personagens secundários que roubam a cena (o Turnes é amigo, mas ele rouba a cena mesmo; a Maitê Proença também), seja pelo nonsense que vai brotando das brechas do roteiro. E no final, as risadas e a emoção estão garantidas.
Corram pra conferir!

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