terça-feira, 1 de novembro de 2011

SUSPENSE - PARTE 10

GÊMEOS - MÓRBIDA SEMELHANÇA+

O SEGREDO DOS SEUS OLHOS+

ENCAIXOTANDO HELENA+

A CENTOPÉIA HUMANA=

A PELE QUE HABITOCOMENTÁRIOS:


Por Malcon Bauer:
"Um filme de terror de Pedro Almodóvar". Isso bastou para instigar-me quando a produção de A Pele Que Habito foi anunciada. E o filme tem tudo que podíamos esperar (incluindo o inesperado).
Baseado no romance Tarantula, o filme conta a história de um cirurgião plástico (Antonio Banderas, que não trabalhava com o diretor desde Ata-me!) que mantém numa espécie de cárcere a bela jovem Vera Cruz (Elena Anaya), com quem tem uma relação estranha e doentia.
Saber mais sobre a história é estragar as surpresas. E elas são muitas.
O diretor se refestela em toda a bizarrice que sua narrativa proporciona, criando um ambiente opressivo e asséptico, onde a sexualidade exala intensamente.
A complicada relação do cirurgião com Vera, que foi submetida à diversas cirurgias, nos é explicada aos poucos, através de flashbacks que viram de cabeça para baixo o primeiro terço do filme. A amoralidade dos personagens é essencial para que acompanhemos seus dramas sem julgamentos superficiais. Nada é o que parece. Nada mesmo.
O elenco entrega excelentes performances, com destaque para Marisa Paredes como a mãe do cirurgiã. Ela é a protagonista de uma das melhores e mais chocantes cenas do filme.
Almodóvar é um manipulador de primeira. Sabe como ninguém apresentar personagens de maneira tão simples, que é chocante descobrir a relação que eles tem quando a verdade nos é revelada.
Seu conto de erotismo e vingança conta também com uma impressionante direção de arte e uma ótima trilha sonora.
Tudo isso cria uma atmosfera extremamente incômoda, conduzindo-nos por lugares bem obscuros da mente humana e culminando num final simplesmente genial.
Sem dúvida, um dos melhores filmes do ano.

Por Vicente Concílio: A Pele Que Habito, mais recente filme de Almodóvar, revela sua estranheza a começar pelo título. Acompanhamos aqui a trajetória de dois personagens, o médico Robert Legard e uma de suas pacientes, Vera Cruz, cuja relação insólita é o eixo sobre o qual o roteiro se desenvolve, em trajetória não-linear. Sabemos que, como cineasta, Almodóvar não se interessa pelo banal, exceto quando ele amplia a voltagem das histórias que ele narra.
Como resultado do trabalho de um ótimo construtor de histórias, que aparece aqui naquele tom insano que é a marca autoral de Almodóvar, este filme marca não só o reencontro do diretor com Antonio Banderas, mas marca também a retomada da potência daquele artista que sabe, como poucos, que o bizarro faz parte das relações humanas. E esse bizarro não merece nosso julgamento, porque também pode ser entendido como prova de amor. É aquela velha máxima: o artista não deve expressar sua moral, mas sim ajudar a compreender a moral do mundo. Por isso, monstros podem ser equivalentes a anjos, e os anjos não podem ser tão celestiais assim.
A Pele Que Habito é um testemunho da complexidade das relações humanas, e no caso deste filme, quanto menos falarmos, melhor. As surpresas são um recurso do contador pra nos mantermos atentos a sua ética de amor à não obviedade. Um Almodóvar por ano é pouco.

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