sábado, 17 de dezembro de 2011

COMÉDIA - PARTE 41

DEPOIS DO HORAS+

VIVENDO NO LIMITE+

ENTRANDO NUMA FRIA=

AMANHÃ NUNCA MAISCOMENTÁRIO:
Cinema deve incomodar. Não deve apenas contar uma história bonitinha e agradar as pessoas (pelo menos não deve fazer APENAS isso). Deve causar sensações diferentes em quem assiste.
E esse feito Amanhã Nunca Mais atinge com louvor.
Na trama, o enfermeiro Valter (Lázaro Ramos, de Madame Satã) tem um vida de merda, cercado por um ambiente opressivo e feio. Ele tem algumas horas para buscar um bolo e levá-lo até a festa da sua filha, e com isso garantir o respeito de sua esposa. E numa cidade lotada, congestonada e cheia de gente maluca, essa tarefa não será fácil.
O diretor Tadeu Jungle utiliza de diversos artifícios de fotografia para compôr o mundo opressivo de Valer. Filma detalhes grotescos e desagradáveis de seus personagens em longos e estranhos closes, causando enorme desconforto no espectador.
Eficiente nessa concepção do "homem esmagado pela cidade e pela rotina", Jungle acaba perdendo a mão quando tudo se torna tão opressivo que beira ao desespero.
Eu, pelo menos, não conseguia achar graça da maioria das situações por causa do entorno claustrofobicamente desolador onde elas estavam inseridas.
Os únicos momentos de diversão reais são com as figuras que Valter encontra pela cidade. Temos ótimas participações de Luiz Miranda (Meu Nome não é Johnny), Maria Luisa Mendonça (Carandiru) e Paula Braun (O Cheiro do Ralo). Aliás, é ótima a idéia de usá-la em dois papéis. O olhar de estranhamento de Valter é o mesmo que o nosso.
Porém, o próprio Lázaro Ramos parece estar atuando num filme dramático, o que também diminui o potencial cômico de várias cenas.
Eu tenho um sério problema com comédias do tipo "a pessoa se fode por uma hora e meia e dá a volta por cima nos últimos 10 minutos". Fico nervoso, incomodado e puto com tamanha passividade de seus protagonistas. Esta sensação me acompanhou durante a projeção .
O final também é estranho, resolvendo a situação de Valter e sua esposa de forma brusca.
Dividido entre a comédia bizarra e o drama, o filme sofre com uma indecisão de personalidade.
Mas causa sensações como poucos filmes que vi este ano. É um grande mérito.

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