domingo, 12 de fevereiro de 2012

COMÉDIA - PARTE 43

CANTANDO NA CHUVA +
CREPÚSCULO DOS DEUSES +
NASCE UMA ESTRELA =
O ARTISTA
COMENTÁRIOS

Por Malcon Bauer: O Oscar 2012 tem como principais concorrentes dois filmes que homenageiam a história do cinema. Temos o Hugo Cabret de Martin Scorsese e este O Artista.
Na trama, o astro do cinema mudo George Valentin (o francês Jean Dujardin) recusa-se a fazer a transição para o cinema falado e cai em desgraça. Enquanto isso, a aspirante a atriz Peppy Miller (Bérénice Bejo) torna-se uma estrela da nova geração.
O detalhe é que o filme é mudo e rodado em preto-e-branco. Inicialmente, o estranhamento é grande. Apenas a trilha sonora (lindíssima) acompanha as imagens. Porém, logo estamos entregues e podemos nos esbaldar numa experiência que atinge nossos sentidos de uma maneira diferente da usual. E que experiência.
Além do desbunde visual e sonoro, somos brindados com as deliciosas interpretações de Dujardin e Bejo. Ambos transbordam carisma e sua química é inquestionável. Todos os prêmios que eles tem recebido são mais do que merecidos.
Sequências como o flerte durante a repetição de uma tomada já nascem memoráveis pela graça, sensibilidade e simplicidade.
Uma simplicidade que, mesmo aparentando ser pueril, está completamente de acordo com o tempo e a realidade que ele se propõe a recriar.
É importante deixar-se levar pelo delicado universo que o filme propõe, onde atrizes românticas, atores deliciosamente canastrões, cães heróis (que cachorro é aquele, meu Deus...) e produtores com enormes charutos convivem num equilíbrio preciso entre a ternura e a paródia.
Para sair do cinema com um sorrisão no rosto e muita vontade de sapatear.

Por Vicente Concílio: O Artista é um filme singelo na sua proposta, complexo na sua execução e, acima de tudo, uma inegável unanimidade entre a opinião da crítica e a aprovação dos prêmios cinematográficos. O filme é uma homenagem ao cinema mudo, á sua inventividade técnica, àquilo que é a essência da arte de narrar por imagens.
Na sua trama, há uma insistência em mostrar o quanto as plateias lotavam os cinemas e se entregavam completamente à ilusão provocada por artifícios que, atualmente, podem parecer toscos. O próprio enredo do filme é de uma simplicidade gigantesca: ator de filmes mudos vai à miséria com o advento do cinema falado. O amor de sua vida acaba por tornar-se estrela maior da novidade que lhe levou à ruína. Encontros e desencontros motivados por orgulho e fama. Final redentor.
Eu não me apaixonei pelo filme. O seu triunfo técnico não supera, na minha opinião, a anemia do roteiro, que considero pueril demais, esforçado demais em ser agradável. As citações cinematográficas são interessantes (de Cantando na Chuva à Cidadão Kane, passando por Nasce uma Estrela), e há sequências lindas, como a cena em que o protagonista se apaixona pela atriz iniciantes.
Há, também, o impressionante e belíssimo trabalho de Jean Dujardin, apenas superado pela presença de um forte ladrão de cenas: o cachorro Uggie. E dá uma saudade imensa dos mestres Chaplin e Keaton, que faziam de um filme algo bem mais complexo que uma obra agradável.

Um comentário:

  1. Adorei O Artista justamente por sua graça pueril. Essa característica é justamente a base da referência que o roteiro revela: filme mudos de enorme alcance popular, de roteiros esquemáticos,baseados no carisma de seus astros e na inventividade técnica dos realizadores, anteriores ao processo de psicologização que a fala trouxe. Além disso é ótimo perceber que George Clooney é um canastrão que não leva água num pires pro brilhante Jean Dujardin...tomara que as premiações sejam justas.

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