sexta-feira, 30 de março de 2012

DRAMA - PARTE 28

MINHA VIDA EM COR-DE-ROSA
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MENINOS NÃO CHORAM
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ELA É O CARA!
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TOMBOY
COMENTÁRIOS


Por Malcon Bauer: Muitos filmes já se propuseram a discutir a sexualidade na infância. Recentemente o brasileiro Do Começo ao Fim fracassou fragarosamente ao tratar a temática com tanta assepsia que o assunto virou um comercial de margarina. Porém, este não é o caso do magnífico Tomboy.
Na trama, a garota Laure (a revelação Zoé Héran, a criança mais andrógina que já vi) é uma garota de 10 anos que se apresenta como o menino Mikael aos amigos que faz no novo condomínio para o qual acaba de se mudar. E o que começa como uma brincadeira acaba tomando proporções muito mais sérias para a jovem e para todos ao seu redor.
A diretora Celine Scianma é muito feliz na maneira como aborda a temática dentro de seu filme.
Laure não foi criada num ambiente opressor, e seus pais não se importam que ela goste de se vestir ou agir como um menino. Um clichê a menos, graças aos céus.
A história encaminha-se de maneira natural, sem frescuras, sem excessos de dramaticidade ou vilões. Quando a verdade vem à tona e Laure precisa lidar com suas mentiras, a reação de todos os personagens é extremamente realista.
O elenco de crianças é impressionante. É sempre bom assistir crianças agindo como tal, e não posso deixar de mencionar a pequena Maloon Lévana (a irmã mais nova de Laure), uma verdadeira ladra de cenas em sua graça de candura. A cumplicidade entre as irmãs é deliciosa de acompanhar. Um triunfo da direção.
Tratando de um tema espinhosos com impressionante delicadeza e sem frescuras (o filme tem perfeitos 80 minutos), Tomboy é um filme realmente comovente.

Por Vicente Concílio: Tomboy é um filme delicadíssimo sobre um tema espinhoso e controverso: a construção do gênero pelas crianças. Ou melhor, é um filme que capta a crise que uma menina passa ao ter que lidar com o fato de que ela quer ser, se sente e gostaria de ser reconhecida como um menino.
Alternando momentos de leveza e prazer, evocados pelas crianças brincando, com a tensão da possível descoberta da farsa que Laure elabora para ser tratada como um menino entre seus novos amigos, o roteiro é surpreendente ao fugir de um óbvio tratamento melodramático. Pelo contrário, a trama oferece com autenticidade deliciosa as cenas das crianças apenas sendo crianças, e as coloca como protagonistas de um dilema muitas vezes explorado de forma rançosa e pouco sutil.
A direção, nesse sentido, é preciosa. Sua aparente ausência na verdade comprova um trabalho profundo no trato com os atores mirins, totalmente à vontade frente às câmeras, e na espantosa atuação da protagonista, um trabalho que não se pode cansar de elogiar. Tomboy é um filme que não teme enfrentar o tema que se propõe a exibir, e é honesto sobretudo ao assumir que a solução para a questão não cabe em 90 minutos.

Um comentário:

  1. pô, malcon, faltou "quase igual aos outros"!!! http://www.interfilmes.com/filme_20633_quase.igual.aos.outros.html

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