terça-feira, 1 de maio de 2012

DRAMA - PARTE 29

FREUD - ALÉM DA ALMA
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SPIDER - DESAFIE SUA MENTE
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MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS
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UM MÉTODO PERIGOSO
CRÍTICA: Um diretor de cinema pode sofrer muito com as expectativas. Principalmente se ele é conhecido pro realizar trabalhos que, um após o outro, viram a cabeça da gente e geram muita discussão e admiração.
Porém, às vezes ele pode estar a fim de fazer outra coisa, e aí nós ficamos com uma cara de "Oi?". Tomemos o exemplo de A História Real. É um filme ótimo. Tem uma boa história, ótimo elenco e direção correta. De repente, alguém grita lá do fundo: "MAS É UM FILME DO DAVID LYNCH!" Linearidade? Um personagem adorável? Um história simples e bem-contada? Nada mais do que isso? Pois é...
E assim, todos ficam correndo como baratas tontas tentando entender o que aconteceu com David Lynch.
Pois Um Método Perigoso, novo filme de David Cronenberg (de A Mosca, Spider e Senhores do Crime), vai por um caminho parecido.
Na trama, Carl Jung (Michael Fassbender, de Shame) é ainda um jovem que utiliza os novos e polêmicos métodos de psicanálise propostos por Sigmund Freud (Viggo Mortensen, de Marcas da Violência) para tratar a jovem Sabina (Keira Knightley, de Orgulho e Preconceito). Jung e Freud acabam se tornando amigos e confidentes, mas a relação do primeiro com Sabina vai abalar a ambos tanto no nível pessoal quanto no intelecutal.
A direção de arte, como de praxe, é muito eficiente na reconstituição daquele período pré-primeira Guerra Mundial (o filme se passa entre 1910 e 1913). Aliás, é ótima a maneira como o roteiro insere, sutilmente, referências a toda a tragédia racial e ideológica que se aproximava da Europa. A relação entre todas as personagens já é guiada por aquele tipo de pensamento.
O elenco está ótimo. Fassbender e Mortensen compõe seus personagens de maneira elegante e concisa. As cenas onde os dois dialogam e debatem suas teorias são eletrizantes, gerando um verdadeiro interesse. Knightley exagera um pouco nas cenas de histeria, ficando um pouco aquém dos demais. Mas não é nada que comprometa.
É na hora de aprofundar a questão da sexualidade que o filme frustra um pouco. A relação de Jung com Sabina é mostrada de forma tímida. Ela, que se excita sentindo dor e humilhação, passa por tímidos momentos que envolvem algumas palmadas na bunda. Cronenberg já falou do assunto de maneira mais contundente em Spider e até mesmo em A Mosca. O diretor parece contaminado pelo "puritanismo" que dominava a época.
"Então por que fazer este filme?", você pode se perguntar, "se ele vai podar seus instintos"? Porque a história é incrível.
E aí voltamos ao tema da discussão inicial. Um Método Perigoso tem um excelente roteiro e é realmente muito interessante acompanhar todos as discussões e choques de discurso entre as personagens.
Na parte "prática", porém, Cronenberg mostrou-se contido, diferente de seus outros filmes. E se você está esperando violência, choque e perversão, prepare-se para ficar frustrado. 
Um Método Perigoso não é um filmaço mas, como A História Real, é um ótima história muito bem contada.

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