sábado, 23 de junho de 2012

COMÉDIA - PARTE 50

EDWARD - MÃOS DE TESOURA
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 NOSFERATU
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SHAFT
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A CASA AMALDIÇOADA
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SOMBRAS DA NOITE
CRÍTICA: O trailer de Sombras da Noite antevia um retorno do diretor Tim Burton ao universo de Os Fantasmas se Divertem e Edward - Mãos de Tesoura, mostrando o choque cômico/lírico entre o bizarro e o cotidiano familiar. Não é isso que acontece. E isso nem de longe significa que o filme é ruim.
Na trama, o vampiro amaldiçoado Barnabas Collins (Johnny Depp, o Edward em pessoa) passa 200 anos aprisionado e desperta em 1972. Agora ele precisa lidar com o choque cultural da época, conhecer sua nova família, salvar sua empresa da falência e ainda enfrentar a bruxa que o transformou (Eva Green, de Os Sonhadores).
O roteiro, escrito por Seth Grahame-Smith (autor de Orgulho e Preconceito e Zumbis) é baseado numa série de tv que eu nunca tinha ouvido falar, uma espécie de novelão sobrenatural que fez sucesso nos EUA entre 1966 e 1971. Daí a ambientação do filme manter-se nesta época, uma maneira de preservar o espírito do Dark Shadows original.
Burton redime-se da monstruosidade que foi Alice no País da Maravilhas e supreende quem esperava uma comédia rasgada.
Sim, o filme é cheio de ótimas piadas (uma delas me fez rir pelos 20 minutos seguintes) envolvendo as desventuras de Barnabas conhecendo a modernidade dos anos 70 e seus familiares esquisitos, mas o que predomina é um clima muito melancólico. Em alguns momentos, extremamente triste. Afinal, os personagens são todos almas torturadas que tentam lidar com sua própria natureza. Depp se sai muito bem equilibrando a ternura e a violência que sua condição de amaldiçoado lhe impõe (como é bom vermos um vampiro sanguinário nas telas...).
E se Barnabas é um vampiro, temos uma criança que conversa com o fantasma da mãe, uma médica alcóolatra, uma tutora que vê assombrações...
O elenco está ótimo. Além de Depp e Green (linda e divertindo-se pra valer), temos Helena Bonham Carter (outra habitué dos filmes de Burton), Michelle Pfeiffer (de Batman - O Retorno, esbanjando beleza e carisma), Chloë Moretz (a Hit-Girl de Kick-Ass) e Jack Earle Haley (de Watchmen).
Aí também reside o maior problema do filme: na ânsia de apresentar tramas relevantes para todos os personagens da família (o que acontece com tempo devido numa série de tv), o roteiro peca por não conseguir se aprofundar em quase nenhum. As tramas envolvendo o pai que pretende roubar as jóias da família e o segredo da doutora aparecem e se resolvem em cerca de duas cenas, parecendo gratuitas. A revelação do segredo de um personagem no clímax da produção gera um sentimento de "WTF", tamanha a estranheza que provoca. Somente a trama principal envolvendo Barnabas e sua nêmesis tem o devido cuidado.
A ambientação nos anos 70 também pode ser uma faca de dois gumes. Cheia de referências (muitas piadas se baseiam nelas) envolvendo a cultura da época, a guerra e os hippies, pode afastar o público mais jovem que não conhece o período. A platéia pode se sentir tão perdida quanto o próprio Barnabas.
Mas o filme é extremamente divertido e muito prazeroso. Cenários acachapantes, uma deliciosa trilha sonora e ótimas atuações garantem a sessão e reacendem minha fé no cineasta. Nessse passo, o vindouro Frankenweenie pode ser uma nova obra-prima.

NOTA:  A legendagem do filme omite várias piadas e destrói alguns trocadilhos. Se voce entende inglês, vai rir um pouco mais.




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