terça-feira, 1 de janeiro de 2013

AVENTURA - PARTE 40

UM BARCO E NOVE DESTINOS
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MAR EM FÚRIA
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A VOLTA DO TODO PODEROSO
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AS AVENTURAS DE PI
CRÍTICA: As Aventuras de Pi é baseado no livro A Vida de Pi (de Yann Martel) e conta a história de um jovem indiano que sofre um naufrágio quando sua família está se mudando para o Canadá. Sobrevivem num bote ele, o tigre Richard Parker, uma zebra, um orangotango, uma hiena e algumas moscas. A lei da natureza faz com que logo sobrem apenas Pi e o tigre, e sua convivência servirá para que o jovem enfrente seus próprios fantasmas interiores enquanto luta para sobreviver.
O diretor Ang Lee (O Segredo de Brokeback Mountain) capitaneou este projeto que passou por vários diretores (entre eles M. Night Shyamalan e Alfonso Cuarón) até cair em suas mãos.
Lee tem a sensibilidade necessária para contar esta fábula de descobrimento espiritual e um bom conhecimento de efeitos especias em CGI (Hulk serviu par isso, pelo menos...) para lidar com o desafio técnico proposto. Afinal, filmar na água é sempre um a encrenca, e As Aventuras de Pi passa 70% do tempo por lá.
Tecnicamente, o filme é um desbunde. O tigre Richard Parker é um primor da computação gráfica, impressionando pelo realismo dos movimentos do felino. Se você não souber, vai jurar que se trata de um tigre de verdade.
O resto do visual adentra o campo da fábula, oferecendo um oceano cheio de águas-vivas iluminadas, uma baleia que quase alça vôo ao saltar e um bando de peixes-voadores (entre outras surpresas). Tudo é absurdamente lindo e o 3D só valoriza essa beleza.
A cena do naufrágio também impressiona pelo realismo, gerando momentos de grande tensão. E mesmo em momentos como esse, Lee consegue ser poético e nos surpreender com ângulos diferentes das situações.
A relação que Pi desenvolve com Richard Parker é uma delicada metáfora sobre a aceitação e o enfrentamento das dificuldades de nosso cotidiano, e o jovem ator Suraj Sharma emociona em seus momentos de desespero. Um belo trabalho.
Minha única ressalva fica por conta do teor doutrinador que o filme assume em algumas passagens. Apesar de sugerir um embate entre fé e racionalismo (afinal, o protagonista assume o nome de um princípio matemático), o filme não pára de martelar, desde o início, que toda a história é "obra de Deus". Não existe espaço para qualquer discussão sobre isso. Neste caso, alguma dubiedade seria bem-vinda.
Mas ainda assim é um espetáculo visual impactante e uma aventura saborosa e emocionante. E deve ser visto na telona para que todo o espetáculo seja apreciado em sua totalidade.


Um comentário:

  1. Eu vejo a dubiedade no final, na dúvida "real" X "alegoria" presente na pergunta que o protagonista faz para o escritor... para ele ter fé é acreditar na metáfora, que é a história mais bonita. Sem delongas pra não dar spoilers.

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