sábado, 16 de março de 2013

COMÉDIA - PARTE 60

A SOMBRA DO VAMPIRO
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PSICOSE
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HITCHCOCK
CRÍTICA: O inglês Alfred Hitchcock é um dos diretores mais importantes da história do cinema. Sua capacidade de manipular o espectador garantia que uma ida a sala escura seria recompensada com sustos, tensão e gargalhadas. Dirigiu 54 longas dentre os quais podemos citar clássicos incontestáveis como Os Pássaros, Janela Indiscreta, Intriga Internacional, Festim Diabólico, Pacto Sinistro, O Homem Que Sabia Demais, Um Corpo Que Cai... Bom, isso só pra começar. E não podemos esquecer o espetacular Psicose, cujo bastidores são a base para a trama de Hitchcock.
O filme romantiza todo o processo de produção da adaptação do livro Psycho para as telas, passando por todas a incredulidade do estúdio, a filmagem em si e o sucesso acachapante que teve em sua estréia. O coração do filme, porém, é a relação de Hitchcock (Anthony Hopkins, de O Silêncio dos Inocentes) e sua esposa e confidente Alma (Helen Mirren, de A Rainha).
O foco da narrativa aprofunda esta relação, mostrando de maneira nunca vista antes como ela era importante para o processo do cineasta, interferindo diretamente até na famosa cena do chuveiro.
A abordagem do roteiro é claramente fantasiosa, criando inclusive um quase "affair" para Alma, o que teria levado seu gorducho marido a um colapso nervoso. A fantástica abertura do filme, que cita a série Alfred Hitchcock Presents já dá o tom: o que vemos aqui é uma ficcionalização dos fatos, não um relato biográfico realista. A sucessão de acontecimentos visa o riso, o drama e o suspense, assim como o próprio Hitchcock fazia tão bem.
Desta forma, o roteiro do filme (baseado no livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose, de Stephen Rebello) permite-nos presenciar quiprocós verdadeiros (como a polêmica envolvendo o aparecimento de uma privada no filme, algo impróprio para a censura da época) até coisas que parecem improváveis (teria Alma convencido Hitch a usar música na cena do chuveiro?).
Mirren entrega uma interpretação emocionante como Alma, uma mulher forte e resignada que aceita seu papel na vida pública do marido famoso. Hopkins, por outro lado, pesa um pouco a caricatura e não nos envolve como deveria. Os momentos realmente dramáticos do personagem não convencem (os delírios com  o assassino Ed Gein até que funcionam bem), embora as situações de humor sejam muito bem resolvidas.
O elenco coadjuvante conta com as participações eficientes de Scarlett Johansson (Vicky Cristina Barcelona) como Janet Leigh, Jessica Biel (do remake de O Vingador do Futuro) como Vera Miles, Toni Collette (O Sexto Sentido) e Danny Houston (21 gramas). Repare também na rápida participação de Ralph Macchio (o Karate Kid em pessoa) como o roteirista John Stephano.
Toda a reconstrução da época e dos bastidores do filme é belamente executada, e é um deleite entrar nos sets recriados com grande exatidão.
Repleto de referências que farão a festa dos fãs, o filme pode não oferecer um retrato preciso do diretor, mas diverte em sua totalidade e emociona quando Helen Mirren toma conta da tela.
Fica até a dúvida: seria o Hitchcock do título na verdade destinado a Alma?

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