sexta-feira, 5 de abril de 2013

TERROR - PARTE 19

NELL
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O CHAMADO
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O LABIRINTO DO FAUNO
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MAMA
CRÍTICA: Agora poderoso em Hollywood, Guillermo Del Toro (diretor de Hellboy O Labirinto do Fauno) pode usar sua influência para alavancar a carreira de cineastas que ele considera promissores. Um deles é o argentino Andres Muschetti, que fez muito sucesso na internet com um curta chamado Mama (veja aqui), e que agora transforma-o no seu primeiro longa-metragem.
Na trama, duas irmãs (uma de um e outra de cinco anos) são abandonadas numa floresta. Quando são encontradas (cinco anos depois), as garotas são colocadas sob a custódia do tio Luke (Nicolaj Coster-Waldau, da série Game of Thrones) e da namorada dele, Anabel (Jessica Chastain, de A Hora Mais Escura). O problema é que as garotas apresentam um comportamento muito estranho, conversando o tempo todo com uma entidade chamada "Mama", que teria cuidado delas durante este período. Logo Luke e Annabel vão descobrir que a Mama é muito mais real do que parece, e a vida de todos estará em risco.
Assumindo-se desde o início como uma fábula (o filme começa com um "era uma vez"), a produção cria um interessante painel sobre a maternidade. A personagem Annabel é uma roqueira que não tem a menor intenção de ser mãe de ninguém, e não gosta muito quando vê-se obrigada a agir como tal. Sua relação com as duas meninas avança aos trancos, e a forma como os laços vão se construindo é lenta e verossímil. Enquanto isso, a perturbada Mama leva seu amor maternal a extremos perigosos e assustadores.
O clima é lúgubre e tenso, preparando o terreno de maneira extremamente eficiente para os sustos que virão. Sustos estes que são, em geral, muito bem arquitetados.
A "Mama" do título é extremamente perturbadora. O ator Javier Botet (sim, ela não é digital na maior parte do tempo!) torna-a bizarra e amedrontadora e seus movimentos em diversos momentos lembram o stop-motion, o que torna-a  mais palpável do que outros exemplares do gênero. Mostrando-a aos poucos (e usando muito bem os efeitos sonoros), o diretor aproveita ao máximo o poder de sugestão. E quando ela aparece, o temor só se confirma.
Algumas sequências são realmente impressionantes (os sonhos premonitórios de Luke e Annabel) e outras apresentam interessantes soluções (a cena do psicólogo na cabana).
Mesmo recorrendo a alguns clichês (por que diabos Luke vai até a tal cabana no meio da noite sem sequer uma lanterna?) e coincidências um pouco forçadas, o filme acerta no suspense e dá bons sustos (além de contar com alguns bem-vindos momentos de humor).
O final também surpreende, apresentando uma solução imprevisível e abraçando o tom de fábula (com uma fotografia belíssima, vale registrar), num momento em que a influência do produtor e mentor Del Toro ganha força e enche os olhos.
Em tempos de "terror de filmagens encontradas", Mama segue um estilo mais clássico. E mesmo sem inovar, é muito bem-sucedido em criar momentos de forte impacto visual.
A imagem das crianças recém-encontradas após anos de abandono gruda na mente por algum tempo. A Mama em si também entra com glória na galeria de monstros apavorantes do cinema moderno. A prova? Estou escrevendo este texto às duas e meia da manhã... e lembrar de sua figura distorcida não vai ajudar em nada minha tentativa de pegar no sono.

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