sábado, 1 de junho de 2013

DRAMA - PARTE 37

O MENINO DA PORTEIRA
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ERA UMA VEZ NO OESTE
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SCARFACE
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FAROESTE CABOCLO 
CRÍTICA: Anunciado há anos, o projeto de transformar a música "Faroeste Caboclo" em filme sempre foi visto como impossível. A longa canção é uma das mais conhecidas do Legião Urbana e roteirizá-la mostrava-se um desafio e tanto. Um desafio que, felizmente, obteve um ótimo resultado.
O longa acompanha a trajetória de João de Santo Cristo (Fabrício Boliveira), sertanejo que se muda para Brasília em busca de um futuro melhor e acaba se tornando traficante. Sua paixão por Maria Lúcia (Isis Valverde) irá levá-lo a um conflito direto com Jeremias (Felipe Abib), outro traficante da área nobre da cidade.
A primeira coisa que precisamos levar em conta ao assistir ao filme é que estamos diante de uma ADAPTAÇÃO. Não espere literalidade em todos os meandros da narrativa (João nem passa por Salvador, por exemplo), bem como uma ordem cronológica exata dos acontecimentos. O roteiro evita transformar o protagonista em santo e humaniza o personagem.
Estas mudanças, aliás, que fazem com que a estreia do diretor René Sampaio transforme a "música" em "cinema". 
Buscando referências em Sérgio Leone (lendário diretor italiano de westerns como Era Uma Vez no Oeste) e até no Scarface de Brian de Palma, ele constrói uma interessante identidade visual para o filme que, auxiliada pela bela fotografia, cria uma Brasília pobre, feia e amoral. Um ambiente opressor onde parece não existir pureza alguma.
E é nesse espaço que estão imersos os protagonistas, interpretados com garra e talento por Boliveira (num misto assustador de doçura e raiva), Valverde (dramática na medida certa) e Abib (alucinado e perverso). Cercados por ótimos coadjuvantes como César Trancoso (Pablo), Antonio Calloni (o delegado que persegue João) e Marcos Paulo (em seu último papel como o pai de Maria Lúcia), o trio conduz a narrativa com firmeza e emoção.
Mesmo que saibamos como tudo termina, é emocionante acompanhar os personagens rumo à tragédia. O clímax, por sinal, é belíssimo.  
É inevitável comparar o filme com Somos Tão Jovens, a asséptica e com cara de "especial de fim da ano da Globo" produção que contou parte da vida de Renato Russo. Neste aqui existem tristezas, drogas, sexo e desesperança. E o amor. Aí dá pra entender quando o público começa a cantar "Faroeste Caboclo" junto aos créditos finais. Agora sim o Legião ganhou um filme digno. E olha que eu nem sou um grande fã...


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